domingo, 6 de fevereiro de 2011

São Paulo. Dois lados. Quente e fria.

Antes de tudo, devo dizer que me surpreendi com as estatísticas do blog e dos posts. Por mais que as pessoas não comentem, a gente sabe que isso tá sendo bem visitado. E eu fico feliz. Também mudei algumas coisas, adicionei alguns gadgets pra ver se fica mais fácil a navegação. Dá até pra você dizer o que achou do post, marcando um "xizinho" em umas das respostas lá embaixo. É isso, aí vão algumas das minhas expressões.

Quente, quentinha. 

Efervescência Cultural. É assim que eu vejo São Paulo. Onde tudo, realmente, acontece o tempo inteiro. E se ela dorme, me diz qual a hora, porque depois que eu estava, na Avenida Paulista, às 23h e pouca de uma sexta-feira de dezembro, e tinha que driblar as pessoas pra andar até o metrô, eu notei o quanto essa cidade é muito. Muita gente, muita cultura, muito restaurante, muito cinema, muita boate, muito bar. Tem pra todo tipo de gosto. Fataço!

Hoje eu tava comentando sobre o Show de Manu Chao que vai ter, com entrada franca, dia 13/02, próximo domingo, à tardinha. E aí eu lembrei dos SESCs (Pompéia, Vila Mariana, Pinheiros...) espalhados por aqui, do Centro Cultural Banco do Brasil, do Centro Cultural São Paulo e de tantos e tantos lugares que eu ainda nem conheço, mas que tão cheios de shows, gente, poesia, música, arte, arquitetura. E, o melhor, você não precisa pagar 100 reais pra ver artistas tão ferrenhos. Mas se quiser pagar, também tem lugares de 100 reais. Tem pra todos.

De Pernambuco, então, sempre tem banda por aqui. O Studio Sp deveria se chamar Studio PE, como alguns brincam, hehe. Por lá já passaram Otto, Karina Buhr, Del Rey, Mombojó, Seu Chico, Eddie, Diz Maia, e tantos outros. Semana sim, semana não, algum deles tá por lá. Aí você esbarra com Leandra Leal, com Otto pelo Studio, e tá tudo certo. Todo mundo com o mesmo propósito no lugar. E os shows são sempre lotados, com uma energia incrível. Num show de Eddie que eu fui ano passado, rolou, praticamente, um carnaval fora de época. E parece que quando você tá longe e escuta o frevo, você fica mais louco do que quando escuta vassourinha nas ladeiras de Olinda. É, é puro calor! E tem pernambucano até dizer basta! Não, eu não digo basta. Hahaha.

E as galerias? Na Galeria Olido, por exemplo, sempre rola uns sambinhas, uns cinemas de 1 real. A feira de antiguidades da Benedito Calixto, tem chorinho, tem cerveja gelada, uns pastéis incríveis e uns doces que mel-dels-do-céu. Além disso, gente bonita e descolada é bóia. Ah!, uma vez a gente colocou umas mesas ali no meio da feira e fez um encontrinho de pernambucanos num sábado desses. Lotou! E tinha gente de Belém, de Fortaleza, de Recife...E essas tardes foram chamadas de point, aos sábados. Eis o "Acaiaca" de São Paulo, como bem nomearam.

Ai, tem tanta coisa. Tem o Belas Artes, que vão fechar :(, tem a Reserva Cultural, os cinemas do Unibanco, na Augusta. E tantos festivais de cinema. De teatro, ainda conheço pouco. Tem tanto pra perambular, ainda. De Museu, tem o da língua, que eu adoro. É tão interativo, uma mistura de luzes, textos e cores tão legais.

E bares, né? A Vila Madalena tem uma mistura bonita de pessoas e cores e raças. Tou conhecendo, tou conhecendo...E boates, né? Enfim.

Recife é multicultural, como bem diz a Prefeitura da cidade e eu bem confirmo. Já São Paulo, posso chamar de mãezinha de Recife. É a mãe-multicultural. Coração de mãe, né, abraça todas as culturas. Tem de tudo, um grande muito. É pura efervescência. E eu gosto daqui, essa desvairada paulicéia me conquistou. É, confesso, sou apaixonada por ela.


Fria, friazinha.

Relações humanas. A tal da resistência para ir além. Como nem tudo são flores, tem a parte fria da cidade. 

Olha, já conversei com algumas pessoas que não são paulistanas, mas vieram pra cá, morar na cidade-mundo. E todas elas (não foram muuuitas, mas é engraçado que elas sentem o que eu sinto) concordaram comigo.

Seguinte, não há dúvida sobre a receptividade bonita que a gente tem e sente aqui. Basta escutarem um "tu", "oxe" ou os sons puxados dos nossos "s", como um "x", que logo percebem que não somos daqui. E quando se fala de Pernambuco, de Recife, aí pronto, tome pergunta, tome galera pedindo para eu "falar mais um pouquinho". Acho isso uma graça. Mas não tou aqui pra falar da simpatia e da receptividade da galere de São Paulo (as quais já muito falei, linsojeada, obviamente), mas, sim, da frieza que está mais embaixo.

Aí eu me pergunto: Qual é, hein? A gente que é muito caloroso e espera uma troca? A questão do calor vai de pessoa para pessoa? No sudeste, as pessoas são realmente mais frias, assim como o clima? rs. Mas é tropical, né? De altitude, subtropical, tem até semi-árido, galera. Então, o que eu venho vos dizer é que grande parte das pessoas são simpáticas, mas eu noto que elas têm um certo receio, quando é para se ir além do "Oi, tudo bom?" quase que automático, sabe. Eu gosto de conversar, de entender, de compartilhar idéias pra ver se o santo bate, enfim...sem nenhum interesse, minha gente. Conversei isso com uma amiga, que é do Guarujá e veio pra cá. Ela disse: "É, concordo. Aqui, quando você chama alguém para tomar uma cerveja ou ir a um café, por exemplo, eles acham que a gente tá se interessando, que é paquera...". Não! não é paquera! A gente só quer ir mais além do "Oi, tudo bom?", gente, e passar dessa frieza. Conhecer, trocar idéia, tomar cervejas, abraçar e fazer carinho, quando se tem vontade, sem receio algum. A gente quer perguntar da mãe, do pai, dos irmãos, de como foi o fim de semana. 

Bom, eu não sei se eu soube me expressar bem aqui. Dessa vez, eu não sei. Não é questão de carência, antes que pensem. É a onda de se ir mais além sem interesses, sabe? E, graças a Deus, eu consegui, no trabalho, algumas pessoas com a alma igual a minha. Foi um processo de conquista massa. Umas poucas, mas bem importantes, com as quais eu posso me envolver, abraçar, falar de tudo, sem pé atrás, sem medo de ser mal interpretada. E, o melhor, me sentir segura e AQUECIDA. 

Uma coisa é fato: aqui tem muito a cultura do "viver só". Nas padarias, tem muita cadeirinha única no balcão pra você tomar seu café da manhã, almoçar ou jantar só. As pessoas andam rápido, fazem tudo rápido (hehe, tou exagerando). Mas é sério, a cultura do "myself" é uma coisa que me deixa intrigada aqui. 

Eu-eu-eu-ego-ego-ego. Centro de tudo.

Ai, ai. Ao menos eu fico feliz, pois, em meio à tanta frieza, conheci pessoas que valem à pena dar uns passinhos a mais. E relacionamento, seja ele qualquer que seja, é uma troca. Tem que ter a tal da troca. Afinal, relação social é convivência, não cada um no seu mundo, cheio de proteção. 

E, desculpa, mas eu não me adapto à frieza. Comigo a cultura é outra. CALOR HUMANO eu curto.

No meio do gelo, a gente encontra, sim, os pontinhos de sal. :)

Beijos quentinhos e ótima semana.