domingo, 10 de julho de 2011

Os homens, os macacos e as bananas.

Ao lado da nossa casa, tem uma ruela sem saída. Dá numa vilinha, com casinhas muito fofas. Ontem, a gente foi ali e sentou na calçada. Com uma gaita. Claro, todo mundo era na base do erro e acerto. Assoprando pra tudo quanto é buraquinho, a fim de ouvir uma sonoridade boa, baixinha e inebriante. Em meio a isso, no fim da ruazinha, a gente ouvia corre-corre de crianças e barulho de quem brinca na rua.

Pára! Sim, isso é em São Paulo. Pinheiros, minha gente.  Super delicinha reviver um pouquinho a infância e lembrar da felicidade que era brincar na rua, jogar bola, esconde-esconde, sete fichas, queimado, correr e morrer de cansada. Entrar em casa quando escurecer, porque tinha que tomar banho para jantar às 18h30...

Bem, contextualizei o momento.

Agora o que eu parei pra pensar, olhando os matinhos do chão da calçada. Me lembrei do documentário "Quebrando o tabu", em que o personagem principal é FHC. Ele e sua defesa à legalização da maconha. É bem interessante, vale a pena ver. O pai do real, dos sociólogos é, realmente, bem inteligente. No doc, mostram os índios mascando a folha da Coca. Cultural e sagrado. Para eles é assim. Mas para descobrirem que a folha trazia sensações boas, alguém teve de experimentar, não é? E aquele matinho que eu tava vendo, será que ele poderia dar alergia, se eu comesse?

Em Recife, tem uma planta que o fruto se chama "coração de negro". Parece uma goiaba achatada, sei lá. Quando eu era pequena, achava bonitinha e tive vontade de provar. Eles caíam e ficavam nas calçadas. Me disseram que não era para comer. Até tentei dar uma mordidinha, mas disseram que não, não era gostoso. Não é para comer.

Será que vai ser sempre assim? Tá, tá tudo cada vez mais urbanizado, tecnológico, industrializado. Tudo um bapho. Os produtos chegam prontos, industrializados ou não, mas já com informações ditas por alguém: serve para. Quando eu tava comentando essa minha curiosidade (de não haver mais tempo para descobertas, experimentações, porque as coisas já vêm prontas e você tá sempre ocupado), o menino bonito lembrou da parábola "Os macacos e as bananas".

Talvez isso se amplie para outros departamentos da nossa vida. Isso de você repetir o que alguém faz, sem saber o porquê, mas fazer porque todo mundo faz e parece ser certo e/ou o melhor caminho.

Eu espero que a gente não deixe de ousar, querer e fazer, sair um pouquinho do comum e do que "dizem". 

Que a gente volte um pouco à fase do "Por que?", mas não se conforme com o "Porque sim!".

Tentativa. Erro e acerto. Eu curto assim.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Às vezes, eu tenho vontade...

de matar as mulheres. Ou aquela mulher.

Sim, matar.

Complicação me encanta, mas até certo ponto.

Sim, doida.

Só pode, gente.

Ai, desabafei.

E ai de você se achar que é só de amor - que eu mato e de que o homem vive.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

"Vai desceeeer, motôôô!"

Em São Paulo, dentro do ônibus.

Você pede parada porque quer descer na próxima (ou no próximo ponto, como dizem os paulistas). Aqui a gente aperta o pitoquinho laranjinha que, em Recife, nunca funciona. Lá a gente puxa a cordinha. Ok, o motorista, simplesmente, ESQUECE de parar na parada. E você, sem querer ser galerosa, fala médio baixo: "Motoriiiista, vai descer. Dá para abrir aqui, por favor?". Detalhe, o ônibus em TOTAL silêncio, as pessoas lhe olham e você, que já estava tímida, se TOLHE ainda mais e quase pede perdão por esse absurdo que foi pedir para o motorista parar no ponto que você havia dado sinal. O único barulho naquele grande ônibus lotado era o cri, cri, cri...

Ok, de cara lavada, você desce na próxima e volta andando um bocado para chegar no trabalho.  

Em Recife, dentro do ônibus...

Puxo a cordinha para descer na parada e, obviamente, o motô não pára o ônibus. Eles esquecem que é uma beleza. Você, puta da vida, mas com uma voz calma e tímida (não curto gritar, minha gente, acho galeroso demais): "Motoriiiista...". Opa! E quem disse que eu preciso falar o resto da frase? Sou interrompida pelos passageiros que estão do meu lado e, comovidos, dão umas batidas na porta um tanto pesadas e GRITAM: "Ô, motôôôô, pára o 'carro' que a menina vai desceeer, motô!". O motô pára o ônibus e eu, como uma lady, agradeço a gentileza dos colhegues e desço. Hehe.

E caminho feliz e rindo com a situação cômica dos galerosos do ônibus. Foi legal.

Pois bem, resumo da ópera: noto que em Recife (isso não aconteceu só uma vez, muito menos só comigo), as pessoas se comovem. Um pouco, mas, sim. Em São Paulo, todavia, nunca vi isso acontecer (ainda, eu espero). O que não dá é para a gente levar isso para todos os departamentos da vida, né?

Paralelamente a esse fato engraçado (que eu contei um dia desse no café a uma amiga paulista queridíssima, que disse, depois de várias risadas: "esse fato tem que ir pro blooog!"), graças ao bom PAI, as pessoas se revoltaram hoje na internet, depois que os moradores de Higienópolis, um dos bairros mais phynnos de São Paulo, conseguiram que o Governo do Estado não continuasse com o plano de construir uma estação de metrô na Av. Angélica, uma importante do bairro. Dá pra crer? Alegaram que o bairro requintado iria se popularizar, se rolasse a estação de metrô lá. Se tu ainda não acreditou, saca aqui. Acontece que eu confirmei presença no Churrascão da Gente Diferenciada. Fááários e fááários "protestos" sobre essa babadeira estão rolando pela web. E as Redes Sociais, novamente, aliam-se ao povo. 

Então tá. Fico feliz com esse fato de Higienópolis

Tolhida, com vergonha e estagnada, eu fiquei com esse fato: estava eu no ônibus, mais uma vez, e entra um mendigo mal cheiroso. Pela frente, ía pagar a passagem e tudo mais. O motorista, do nada, se revolta, e pede para ele descer, pois ele estava incensando o local. PÁRA o ônibus (agora ele sabe parar), sai da sua cadeira e diz que o moço não vai ficar no seu carro com aquele cheiro, não. Eu, bes-ti-fi-ca-da, fiquei olhando sem acreditar. Tá ligada na situação? E converso com minha colhegue: "peraí, é sério isso que eu tou vendo? Ei, pô, a gente não vai fazer nada? Ninguém fala nada?". Sério. Eu me senti extremamente vetada. Sabe quando você fica alguns segundos sem sacar o que é certo e errado, achando que você tá muito locs? Eu tava errada ao pensar que ele estava fazendo algo bizarro? As pessoas tavam certas em "só olhar"? Todo mundo calado, mais uma vez. Quem cala consente? Ai, ai. Eu me decepcionei comigo. Acabei ficando calada também. O moço, sem retrucar, desceu do ônibus. Não precisava tamanha grosseria do motorista. Também seria interessante se alguém tivesse debatido com ele, argumentando que, perante a lei, todos devem ser tratados igualmente. Ninguém o fez. Nem eu. E se fizesse, que aconteceria? Alguém arrisca? Mafalda ficaria decepcionada, se tivesse visto isso. E orgulhosa com o caso Higienópolis e revolta pelo mundo virtual.


A lição que fica: cuidado. Não, não dá para deixar a vida passar e ficar no cri, cri, cri...
A gente precisa ser mais sem vergonha. 

Palavriados traduzidos:

Ponto para Paulista; parada para Pernambucano.
Botão para Paulista; pitoco para Pernambucano.
Mano, maloca, maloqueiro, função para Paulista; galeroso/maloqueiro/tirador de onda para Pernambucano.

Beijos, queijos e nada de cri-cri-cri... 

domingo, 3 de abril de 2011

Um jeito diferente...

Acho engraçadíssimo quando escuto que pernambucano (sim, generaliza-se) fala alto, usa roupa colorida e é todo de abraçar, de ser caloroso, de se chegar. Ouvi isso de alguns paulistas, inclusive de uma das que eu mais gosto - a que mora comigo.

E disseram mesmo que, além da gente se vestir diferente (muitas cores, saiões, vestidinhos, coisas assim...), a gente, quando está conversando, gesticula diferente. E aí, né? Assumo, falo alto (até demais), afinal...sou neta de Iolanda Auto-falante Queiroz. Ops!, Iolanda Queiroz, rs. Rio alto, sou toda espalhafatosa. Será isso? Malemolência. Achei a palavra, beijos. Brinks, gente.

Mas, olha, não nas roupas, mas vou te contar que encontrei paulistas tão galerosos e espalhafatosos quanto a gente, haha. E acho digníssimo. 

Todo mundo se querendo e se chegando. Acho ótimo. 

Falando sério agora...eu fico, de verdade, na dúvida se são características nossas ou se rola generalização. Alguém me responde?



domingo, 27 de março de 2011

Essa cidade tem um "quê"...

Lembrei-me de dois momentos:

1) Num domingo desses, quando estávamos (eu e mais alguns maravilhes ex-alunos da nossa fodástica orientadora) jantando, após um café delicioso de mata saudades + update das nossas vidas em São Paulo com a teacher Karla Patriota, falamos sobre o assunto: São Paulo tem um "quê" especial. Isso porque Eduardo comentou que o trevo (da sorte) é algo que, para ele, simbolizaria sua vivência aqui. Entre pensamentos e "expressamentos", rs, a gente chegou à conclusão que a paulicéia tem muito a oferecer, sim,  aqueles pernambucanos que têm uma sinergia com ela. Porque, né, existem pernambucanos muito bons (pessoal e profissionalmente) que vieram pra cá, mas não rolou, não curtiram, etc. Ah, tou falando de pernambucanos porque na mesa era só o que tinha e a gente tava falando, como eu já disse, sobre as nossas experiências e a de conhecidos...

Talvez São Paulo seja incrível para quem a abrace, quem queira vivê-la. Viver à vera: de verdade. E não é todo mundo que tá afim, também não é de todo mau, já que cada um sabe onde dói seu calo. Até porque, né...ela é loca, loca, loca. Talvez cole a história de só um louco mais louco para saber lidar com outro louco. Acho interessante colar  também a história: sem a família nem os amigos mandando love, jamé se consegue ficar por aqui.  Eles são base. E quanta estrutura!

2) Ganhei uma semente de trevo para plantar. Foi presente de veículo, não me lembro qual agora. Só sei que esqueci de colocar minha terrinha e plantar no meu jarrinho lindo laranja...mas, alguns dias depois, lembrei que tinha esquecido (rs) a bichinha da planta e, finalmente, abri o saquinho para plantar. Quando abri, me assustei! Hahahaha. Ela já tinha nascido, brotado, sei lá como é que se chama nessa linguagem plantal. Obviamente, soltei: ai, que bapho, olha quanta sorte! o trevo já está nascendo sem ter sido plantado, rs. Ai, ai. Risos. A explicação: eu já tinha dado amor a ela, mesmo dentro do plastiquinho. Só não a beijei pelo plástico tipo o seriado Pushing Daisies, mas ela sentiu meu carinho e brotou, beijos.

Citando PATRIOTA (2010), resumo da ópera: 

Obrigada, São Paulo. Tás me dando uns presentes incríveis! E, em se tratando de pessoas...ai, obrigada mais uma vez! Tem muita besteira nesse mundo, mas os bons são maioria, como diz a propaganda nova da Coca que todas ama. Poucos e bons eu também curto, beijos.

Beijos, queijos, vinhos e bom início de semana.

Ah!, plantei minha plantinha...ela tá crescendo, mas devagar. Mudei ela de posição, talvez agora ela arrase no crescimento, hehe. Se não, qualquer coisa, vou ter que trazê-la pra dormir do meu lado. BRINKS.