domingo, 10 de julho de 2011

Os homens, os macacos e as bananas.

Ao lado da nossa casa, tem uma ruela sem saída. Dá numa vilinha, com casinhas muito fofas. Ontem, a gente foi ali e sentou na calçada. Com uma gaita. Claro, todo mundo era na base do erro e acerto. Assoprando pra tudo quanto é buraquinho, a fim de ouvir uma sonoridade boa, baixinha e inebriante. Em meio a isso, no fim da ruazinha, a gente ouvia corre-corre de crianças e barulho de quem brinca na rua.

Pára! Sim, isso é em São Paulo. Pinheiros, minha gente.  Super delicinha reviver um pouquinho a infância e lembrar da felicidade que era brincar na rua, jogar bola, esconde-esconde, sete fichas, queimado, correr e morrer de cansada. Entrar em casa quando escurecer, porque tinha que tomar banho para jantar às 18h30...

Bem, contextualizei o momento.

Agora o que eu parei pra pensar, olhando os matinhos do chão da calçada. Me lembrei do documentário "Quebrando o tabu", em que o personagem principal é FHC. Ele e sua defesa à legalização da maconha. É bem interessante, vale a pena ver. O pai do real, dos sociólogos é, realmente, bem inteligente. No doc, mostram os índios mascando a folha da Coca. Cultural e sagrado. Para eles é assim. Mas para descobrirem que a folha trazia sensações boas, alguém teve de experimentar, não é? E aquele matinho que eu tava vendo, será que ele poderia dar alergia, se eu comesse?

Em Recife, tem uma planta que o fruto se chama "coração de negro". Parece uma goiaba achatada, sei lá. Quando eu era pequena, achava bonitinha e tive vontade de provar. Eles caíam e ficavam nas calçadas. Me disseram que não era para comer. Até tentei dar uma mordidinha, mas disseram que não, não era gostoso. Não é para comer.

Será que vai ser sempre assim? Tá, tá tudo cada vez mais urbanizado, tecnológico, industrializado. Tudo um bapho. Os produtos chegam prontos, industrializados ou não, mas já com informações ditas por alguém: serve para. Quando eu tava comentando essa minha curiosidade (de não haver mais tempo para descobertas, experimentações, porque as coisas já vêm prontas e você tá sempre ocupado), o menino bonito lembrou da parábola "Os macacos e as bananas".

Talvez isso se amplie para outros departamentos da nossa vida. Isso de você repetir o que alguém faz, sem saber o porquê, mas fazer porque todo mundo faz e parece ser certo e/ou o melhor caminho.

Eu espero que a gente não deixe de ousar, querer e fazer, sair um pouquinho do comum e do que "dizem". 

Que a gente volte um pouco à fase do "Por que?", mas não se conforme com o "Porque sim!".

Tentativa. Erro e acerto. Eu curto assim.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Às vezes, eu tenho vontade...

de matar as mulheres. Ou aquela mulher.

Sim, matar.

Complicação me encanta, mas até certo ponto.

Sim, doida.

Só pode, gente.

Ai, desabafei.

E ai de você se achar que é só de amor - que eu mato e de que o homem vive.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

"Vai desceeeer, motôôô!"

Em São Paulo, dentro do ônibus.

Você pede parada porque quer descer na próxima (ou no próximo ponto, como dizem os paulistas). Aqui a gente aperta o pitoquinho laranjinha que, em Recife, nunca funciona. Lá a gente puxa a cordinha. Ok, o motorista, simplesmente, ESQUECE de parar na parada. E você, sem querer ser galerosa, fala médio baixo: "Motoriiiista, vai descer. Dá para abrir aqui, por favor?". Detalhe, o ônibus em TOTAL silêncio, as pessoas lhe olham e você, que já estava tímida, se TOLHE ainda mais e quase pede perdão por esse absurdo que foi pedir para o motorista parar no ponto que você havia dado sinal. O único barulho naquele grande ônibus lotado era o cri, cri, cri...

Ok, de cara lavada, você desce na próxima e volta andando um bocado para chegar no trabalho.  

Em Recife, dentro do ônibus...

Puxo a cordinha para descer na parada e, obviamente, o motô não pára o ônibus. Eles esquecem que é uma beleza. Você, puta da vida, mas com uma voz calma e tímida (não curto gritar, minha gente, acho galeroso demais): "Motoriiiista...". Opa! E quem disse que eu preciso falar o resto da frase? Sou interrompida pelos passageiros que estão do meu lado e, comovidos, dão umas batidas na porta um tanto pesadas e GRITAM: "Ô, motôôôô, pára o 'carro' que a menina vai desceeer, motô!". O motô pára o ônibus e eu, como uma lady, agradeço a gentileza dos colhegues e desço. Hehe.

E caminho feliz e rindo com a situação cômica dos galerosos do ônibus. Foi legal.

Pois bem, resumo da ópera: noto que em Recife (isso não aconteceu só uma vez, muito menos só comigo), as pessoas se comovem. Um pouco, mas, sim. Em São Paulo, todavia, nunca vi isso acontecer (ainda, eu espero). O que não dá é para a gente levar isso para todos os departamentos da vida, né?

Paralelamente a esse fato engraçado (que eu contei um dia desse no café a uma amiga paulista queridíssima, que disse, depois de várias risadas: "esse fato tem que ir pro blooog!"), graças ao bom PAI, as pessoas se revoltaram hoje na internet, depois que os moradores de Higienópolis, um dos bairros mais phynnos de São Paulo, conseguiram que o Governo do Estado não continuasse com o plano de construir uma estação de metrô na Av. Angélica, uma importante do bairro. Dá pra crer? Alegaram que o bairro requintado iria se popularizar, se rolasse a estação de metrô lá. Se tu ainda não acreditou, saca aqui. Acontece que eu confirmei presença no Churrascão da Gente Diferenciada. Fááários e fááários "protestos" sobre essa babadeira estão rolando pela web. E as Redes Sociais, novamente, aliam-se ao povo. 

Então tá. Fico feliz com esse fato de Higienópolis

Tolhida, com vergonha e estagnada, eu fiquei com esse fato: estava eu no ônibus, mais uma vez, e entra um mendigo mal cheiroso. Pela frente, ía pagar a passagem e tudo mais. O motorista, do nada, se revolta, e pede para ele descer, pois ele estava incensando o local. PÁRA o ônibus (agora ele sabe parar), sai da sua cadeira e diz que o moço não vai ficar no seu carro com aquele cheiro, não. Eu, bes-ti-fi-ca-da, fiquei olhando sem acreditar. Tá ligada na situação? E converso com minha colhegue: "peraí, é sério isso que eu tou vendo? Ei, pô, a gente não vai fazer nada? Ninguém fala nada?". Sério. Eu me senti extremamente vetada. Sabe quando você fica alguns segundos sem sacar o que é certo e errado, achando que você tá muito locs? Eu tava errada ao pensar que ele estava fazendo algo bizarro? As pessoas tavam certas em "só olhar"? Todo mundo calado, mais uma vez. Quem cala consente? Ai, ai. Eu me decepcionei comigo. Acabei ficando calada também. O moço, sem retrucar, desceu do ônibus. Não precisava tamanha grosseria do motorista. Também seria interessante se alguém tivesse debatido com ele, argumentando que, perante a lei, todos devem ser tratados igualmente. Ninguém o fez. Nem eu. E se fizesse, que aconteceria? Alguém arrisca? Mafalda ficaria decepcionada, se tivesse visto isso. E orgulhosa com o caso Higienópolis e revolta pelo mundo virtual.


A lição que fica: cuidado. Não, não dá para deixar a vida passar e ficar no cri, cri, cri...
A gente precisa ser mais sem vergonha. 

Palavriados traduzidos:

Ponto para Paulista; parada para Pernambucano.
Botão para Paulista; pitoco para Pernambucano.
Mano, maloca, maloqueiro, função para Paulista; galeroso/maloqueiro/tirador de onda para Pernambucano.

Beijos, queijos e nada de cri-cri-cri... 

domingo, 3 de abril de 2011

Um jeito diferente...

Acho engraçadíssimo quando escuto que pernambucano (sim, generaliza-se) fala alto, usa roupa colorida e é todo de abraçar, de ser caloroso, de se chegar. Ouvi isso de alguns paulistas, inclusive de uma das que eu mais gosto - a que mora comigo.

E disseram mesmo que, além da gente se vestir diferente (muitas cores, saiões, vestidinhos, coisas assim...), a gente, quando está conversando, gesticula diferente. E aí, né? Assumo, falo alto (até demais), afinal...sou neta de Iolanda Auto-falante Queiroz. Ops!, Iolanda Queiroz, rs. Rio alto, sou toda espalhafatosa. Será isso? Malemolência. Achei a palavra, beijos. Brinks, gente.

Mas, olha, não nas roupas, mas vou te contar que encontrei paulistas tão galerosos e espalhafatosos quanto a gente, haha. E acho digníssimo. 

Todo mundo se querendo e se chegando. Acho ótimo. 

Falando sério agora...eu fico, de verdade, na dúvida se são características nossas ou se rola generalização. Alguém me responde?



domingo, 27 de março de 2011

Essa cidade tem um "quê"...

Lembrei-me de dois momentos:

1) Num domingo desses, quando estávamos (eu e mais alguns maravilhes ex-alunos da nossa fodástica orientadora) jantando, após um café delicioso de mata saudades + update das nossas vidas em São Paulo com a teacher Karla Patriota, falamos sobre o assunto: São Paulo tem um "quê" especial. Isso porque Eduardo comentou que o trevo (da sorte) é algo que, para ele, simbolizaria sua vivência aqui. Entre pensamentos e "expressamentos", rs, a gente chegou à conclusão que a paulicéia tem muito a oferecer, sim,  aqueles pernambucanos que têm uma sinergia com ela. Porque, né, existem pernambucanos muito bons (pessoal e profissionalmente) que vieram pra cá, mas não rolou, não curtiram, etc. Ah, tou falando de pernambucanos porque na mesa era só o que tinha e a gente tava falando, como eu já disse, sobre as nossas experiências e a de conhecidos...

Talvez São Paulo seja incrível para quem a abrace, quem queira vivê-la. Viver à vera: de verdade. E não é todo mundo que tá afim, também não é de todo mau, já que cada um sabe onde dói seu calo. Até porque, né...ela é loca, loca, loca. Talvez cole a história de só um louco mais louco para saber lidar com outro louco. Acho interessante colar  também a história: sem a família nem os amigos mandando love, jamé se consegue ficar por aqui.  Eles são base. E quanta estrutura!

2) Ganhei uma semente de trevo para plantar. Foi presente de veículo, não me lembro qual agora. Só sei que esqueci de colocar minha terrinha e plantar no meu jarrinho lindo laranja...mas, alguns dias depois, lembrei que tinha esquecido (rs) a bichinha da planta e, finalmente, abri o saquinho para plantar. Quando abri, me assustei! Hahahaha. Ela já tinha nascido, brotado, sei lá como é que se chama nessa linguagem plantal. Obviamente, soltei: ai, que bapho, olha quanta sorte! o trevo já está nascendo sem ter sido plantado, rs. Ai, ai. Risos. A explicação: eu já tinha dado amor a ela, mesmo dentro do plastiquinho. Só não a beijei pelo plástico tipo o seriado Pushing Daisies, mas ela sentiu meu carinho e brotou, beijos.

Citando PATRIOTA (2010), resumo da ópera: 

Obrigada, São Paulo. Tás me dando uns presentes incríveis! E, em se tratando de pessoas...ai, obrigada mais uma vez! Tem muita besteira nesse mundo, mas os bons são maioria, como diz a propaganda nova da Coca que todas ama. Poucos e bons eu também curto, beijos.

Beijos, queijos, vinhos e bom início de semana.

Ah!, plantei minha plantinha...ela tá crescendo, mas devagar. Mudei ela de posição, talvez agora ela arrase no crescimento, hehe. Se não, qualquer coisa, vou ter que trazê-la pra dormir do meu lado. BRINKS.


domingo, 20 de março de 2011

Nem sotaque, nem língua: importa mesmo é o que está dentro!

Depois de todos esses blá-blá-blá já comentados aqui sobre calor/frio e todas as lindezas e bizarrices desse povo humano que, por o ser, erra e acerta o tempo inteiro - o que já se é sabido e sentido por a gente -, venho ressaltar que o mais importante é, sim, o que tá dentro. Seja clichê, seja brega.

Moro numa casa com argentinos, colombianas (las chicas já voltaram pra Colômbia, mas a gente conviveu por alguns meses), paulistas, paranaense, portuguesa, pernambucanas, bahiana, mato grossense, enfim: gente de toda raça e de toda fé - ou não. Sem precisar sair do Brasil, até que rola um intercâmbio cultural bem legal. E, de repente, não mais que de repente, você se vê embolando um portunhol engraçado com os chicos.

Você está na sala e, de repente, começam os papos sobre las mujeres do Brasil, as curiosidades sobre as argentinas... E aí, se o arrentino, apelidado carinhosamente por Maradona (rs), solta alguma piada todo saidinho e cheio de malícia, a gente já diz: "Eeeeeeeeeeeita!, tá todo espertinho já, né? Toooodo brasileirinho." E é só risada, brodagem, fuleragem, tiração de onda. 

Na festa de despedida de Lina, uma das Colombianas, tome música brasileira no repertório: foi de Mamonas Assasinas, passando por Carrapicho, Ivete Sangalo, Flávio José, até os breguinhas pernambucanos - aí, todo mundo entra no embalo da malemolência do Hit Minha mulher não deixa não. E o arrentino, dançando com um gingado ainda em aprendizado, canta, misturando tudo: "Quiero no, puedo no, mi mujer no deixa no..." 

De levar o novo morador, estudante do ITA, ao bar, para dar a cara à tapa e deixar o preconceito de lado (que todo estudante do ITA é nerdão, rs), falando de tudo um muito, a ensinar o forrozinho gostosinho aos meninos não-nordestinos, até ter DE escutar ser-ta-ne-jo, porque nossa playlist agrada, realmente, a todas gay (porque todas dança, todas se joga, todas arrasa), tudo é experiência, tudo vale a pena porque, no nosso quarto 3 (e nos agregados), só tem alma grande.

E o mais gostoso disso tudo é saber que no Japão, na Índia, no ACRE (sim, o Acre existe!), em todo canto, minha gente, tem gente de toda maldade e bondade. Com 98 ou 198 de afinidade (que, em mídia, significa: o grau de "afinidade" que o veículo tem com o target considerado, à medida que, quando maior do que 100, aponta para uma participação do target na audiência maior do que seria esperada se esse veículo fosse horizontalmente dirigido a toda a população.).

E aí, qual é a nossa nisso aê? Identificar e escolher, olhando direitinho pelas janelas da alma, com uma ajuda massa do feeling,  aquelas que vão andar com a gente (pode ser brega o que eu vou falar, mas...eu sou brega, beijos!), lado a lado, desmistificando as loucuras da vida e inventando histórias, compartilhando e vivendo super experiências.

Tá, completando: só atraio louco. Mas, né, a gente escolhe os loucos bons - os melhores. Qual a graça da vida normal? E, como disse uma amiga, vamo que vamo que tem muita vida na nossa frente.  

Ser e morar.

É engraçado quando as pessoas me perguntam de onde sou. Não para elas, claro. Bem normal, aliás. Só que pra mim é meio complicado de responder, eu diria. Nasci em Pernambuco, cresci em Sergipe mas sempre indo a PE (quase todos os anos da minha vida estive lá) e agora moro em São Paulo. E mais um termo não muito cabível na minha rotina diária do dia a dia dos tempos atuais de hoje em dia.

"Ah, mas de onde você é, significa basicamente onde você nasceu." Será? Se eu falar que sou do Recife e a pessoa conhecer bem a cidade ou também for de lá, eu ficarei com cara de turista quando ela falar de ruas, bairros e coisas muito específicas. Se eu falo que sou de Sergipe, significa que não nasci mas cresci lá?! Eu adoro Aracaju, mas sou pernambucana, caramba. Falar que sou de São Paulo é que não cabe mesmo, ainda nem falo "Meu" no lugar de "velho" ou "mermão", hahahaha!

Quando a gente fala em morar, alguém pode, por favor,me dizer o que vocês querem saber exatamente quando perguntam isso? Onde que eu moro? Eu sei onde tenho passado mini temporadas, serve? Estive pensando se moro em São Paulo, mas passo 2, 3 meses e depois uns 20 dias no nordeste, voltei, passei mais uns 3 meses e fiz uma maratona Recife-Aracaju. Minha casa é onde minha mãe mora ou onde eu tenho estado com maior frequência nos últimos meses? É onde eu durmo mais dias por mês? :P

A gente recebe a escala e vê que está na nossa base de trabalho (SP) uma, duas vezes por semana. Então minha casa Vai ser um apartamento onde eu durma quatro, cinco dias ao mês? Parece loucura, mas dava até apenas pra pernoitar em hotel mesmo em São Paulo.

A cabeça enrola todinha e dá vontade de responder: sou do Brasil e moro no ar.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Carnavalizando...

Meu sumiço, explicável mesmo que nem sempre justificável, prossegue. Laryssa diz que
precisa parar de procrastinar. Se uma pessoa assim fala isso, que direi eu sobre mim?!

Adoro escrever, mas ao mesmo tempo é algo terrível para mim. Vem a vontade que chega mesmo a tornar-se necessidade; daí as palavras me encaram, me sorriem e seguem adiante. Parecem com minhas paqueras preguiçosas de carnaval: olho, sorrio, brinco e continuo meu caminho. Minhas frevanças e marchinhas dificilmente são interrompidas. Aproveitando o gancho da comparação esquisita e mal explicada, falemos da minha pobre visão e humilde vivência no badalado, fervoroso, frevoroso, delicioso, enlouquecedor, encantador Carnaval do Recife (que é mais do que apenas Carnaval!).

Mas só um pouquinho antes disso, quero explicar que elogio a um não significa demérito doutro. Vocês já entenderão por que falo isso agora. A nossa desvairada, monstruosa, tentadora, cheia de ofertas, de contrastes negativos e positivos, e famosíssima Paulicéia tem atributos de primeiro mundo, motivo de orgulho brasileiro. Infelizmente e quase redundantemente tem também muito potencial ainda não tão valorizado/trabalhado, vá lá. Na nossa brasilidade entendemos que não há aí novidade. Porém, contudo, todavia, não obstante tantos créditos, para nós que viemos da terra do sotaque fera, do povo arretada, das resenhas e fuleirisses, das tabacudisses, dos dois beijos, do frevo que entra na cabeçatomacontadocorpoeacabanopé a diferença é bem notável entre o nosso calor humano e o calor do paulista (vai, até que fui legal em não falar "frieza"). Eu acho uma graça a educação, a diferença da maneira em cumprimentar um estranho. Em Sergipe pouco - praticamente nunca - vi isso acontecer: você estar com um amigo e chegar na roda de outros amigos dele e todos te cumprimentarem; as pessoas só falam com quem já conhecem e dificilmente trocam um olhar para pelo menos sorrir pra você. O paulista diz o famoso "Tudo bom?" com aquele jeitinho cantado até suave (por que sim, a minha conclusão pessoal é que no Brasil todo mundo canta, apenas o ritmo muda) e te puxa para a conversa. O engraçado é que se a gente se encanta por isso, talvez esse seja o choque: ver a coisa parar mais ou menos por aí. Eu gosto é de colo, de abraço, de beijo, de cheirinho. E aí que se você nao conhece muito a pessoa, não tem intimidade para fazê-lo e se conhece provavelmente a vê com frequência, o que tecnicamente, dispensa a necessidade de estar sempre cumprimentando. Se todo castigo pra corno é pouco, todo carinho pra nordestino também é.

E aííí 2500km e alguns meses depois a gente não se conforma, mas se acostuma. Fazer o que, né? Pois bem. Ludmila vai voando na tora pra Recife (fazendo uma maratona de mais de 24 horas acordada, diga-se de passagem), para chegar a tempo de conseguir uma vaga em qualquer voo antes que lotem todos e eu perca qualquer segundinho do Carnaval Multicultural do Recife <3.

Então o coração acompanha os maracatus, todas as marcações de cada frevo novo e antigo. E os olhos brilham, o sorriso não cabe no rosto e até sem saber dançar a gente dança. Vai no pulo mesmo, de um lado pro outro, só com os dedinhos pra cima, canta a letra dificílima de Vassourinhas e se deixa levar. É o esquema. Sentir tanto calor, tanta alegria, junto com a família e bons amigos agregados (quando todos nos reuníamos nos locais combinados nunca estávamos em menos de dez pessoas) não tem preço. Claro que o calor vai mais que o humano: gente, Recife tá enlouquecedoramente (?) quente! A gente toma banho, sai e já chega no lugar meio suado. Claro que voltamos para casa com cara de quem chegou da guerra - e claro, venceu - toma outro banho, dorme. Acorda, toma outro banho e descansa para a noite. Com a casa cheia. É irmão, mãe, tia, primas, prinhados, amigos, tudo que é tipo de gente. E toma mais um banho pra sair e chegar suado no lugar, haja cerveja, haja água, haja haja haja... Mas sabe né? Calor gera calor, a gente pega é fogo! Assim é que é massa. A gente canta a mais repetida do Galo "Ah que calor ô ô! Ah que calor ô ô! Ah que calor ô uô ô uôôôô!" e joga água pra cima e leva cerveja nas costas e passa a patinar ao invés de pular. Samba pra quem tem samba no pé, Odair pra resenhar e amar, Quanta Ladeira pra escrachar e f***r todo mundo, Cirandas sobre sereias, Marchinhas sobre saudade que se tem, Frevo sobre saudade do Recife. E é de se entender quando olho para o lado e vejo Edgar Piccoli de olhos fechados, sorrindo e cantando uma das "nossas" marchinhas notavelmente encantado ou quando se diverte ao nos ver dançar sem parar e sem aguentar mais. Sim, é quase um masoquismo. A gente senta e diz "Não aguento mais, tudo dói", aí toca aquela, aqueeeeela famosa que todo mundo sabe e não deixa ninguém parado, e você levanta com as pernas bambas e lá se vai novamente. Quando pensa em descansar, acontece isso de novo...E de novo. Por que no fim eu quero saber uma música nossa que deixe alguém parado se não for por êxtase. Minha satisfação foi tanta que confesso, chorei. O coração aperta quando a gente não tem certeza de quando terá isso de novo...Uma escala folgada assim, uma brecha pra frevê um diazinho que seja.

E aí a gente seca a lágrima danada, por que ela é de dor e alegria ao mesmo tempo. E vai pular mais um bocado e rir muito mais ainda, por que quando menos esperamos fecham-se os olhos e a gente tem vontade de chorar mesmo é "quando o dia amanhece e eu vejo o frevo acabar, ó quarta-feira ingrata, chega tão depressa..." Mas eu me diverti muito. Impagável carnaval. Salve ó terra dos altos coqueiros, Salve ó Leão do Norte. A gente respira fundo, sorri e segue. O coração tá abastecido da boa e velha Pernambucanidade, sem "j" entre os d's, com todo rexpeito. :)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Doideiras de São Paulo, doideiras do Brasil.

Indiscutivelmente, adoro essa cidade. E eu sou feliz aqui, embora esteja longe de muita gente que eu amo, dos meus calorzinhos gostosos. Eu morro de vontade de unir os queridos daqui com os de Recife.  "Aaaah, quanto querer cabe em meu coração!".

De ontem pra hoje, pontuei 10 doideiras de São Paulo. Queria compartilhar :)

Doideiras de São Paulo 1
Só vendem sopa nos lugares quando tá chovendo ou tá frio.
Doideiras de São Paulo 2
Colocar catchup na pizza, para os paulistas, é a morte.
Doideiras de São Paulo 3
Aham, tem purê de batata no cachorro quente.
Doideiras de São Paulo 4
Você tem que escolher qual o menos pior caminho a pegar: o de grande trânsito ou de grandinho trânsito.
Doideiras de São Paulo 5
Quando os paulistas acham algo brega, chamam de bahiano.
Doideiras de São Paulo 6
Nas relações, não espere muita coisa. O "eu" fala um pouco mais alto. Aviso: é melhor você se surpreender.
Doideiras de São Paulo 7
Vizinho? Você conhece seu vizinho? Quem é seu vizinho? Acho que levar um pedaço de bolo para ele é pecado.
Doideiras de São Paulo 8
"Oi, tudo bem?" é automático
Doideiras de São Paulo 9
Tem gente que demora 2 horas, de carro, pra chegar no trabalho, de sua casa. 
Doideiras de São Paulo 10
Pra não ser traumatizado e estressado, ou você mora perto do trabalho e dos seus afazeres preferidos ou você mora perto do trabalho e afazeres preferidos.

Viver em São Paulo tem prazo de validade. 80% (esse dado é de brinks, tá, mas significa bem mais da metade, rs) dos paulistas que eu conheço, dizem isso. Ou você se acostuma e vive assim, ou você foge, aos seus 40 anos, para viver num lugar mais calminho com sua família.

Bem, muito do que eu falei, é normal. Meu amigo, Andy, disse que o trânsito de Recife deu um nó, que tá uma loucura. Se privar de colocar a cadeira na calçada e conversar com seus vizinhos é também fato de Recife. Metrópole, né. A violência tá tão grande que a galera dispensa essas relações do passado. Acontece ainda? Sim, mas em cidades do interior, acredito. E quase que meu amigo gastrônomo me mata com o tal do catchup na pizza. Adoro pizza com azeite, acho digno. Mas um catchupinho cai bem, né? Hehe. Quanto aos bahianos serem atrelados à breguice, fiquei barbie, não vou mentir. 

Depois de tudo isso, ressalto: São Paulo é formada por todos os estados do Brasil. Ou seja: não tou falando dos costumes de São Paulo, tou falando das doideiras do nosso país, que tá tudo junto e misturado aqui.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Agora, sim, a gente não fala mais gre-go.

Um dia desse, no msn, Madu chega e diz que lembrou do nosso blog, quando viu esse vídeo e morreu de rir. Acho super digno mostrar o nosso palavreado aqui e, desta vez, com legenda. Porque quando eu falo pagar cadeira, eu quero dizer cursar matéria! Depois que eu soltei essa expressão bem do nosso Pernambuco, me perguntaram: mas como você paga cadeira, se você estuda numa faculdade federal? Ah, a pergunta fez super sentido, né? Aí eu expliquei o significado de pagar cadeira! Hahahaha. 

Sim, esse é vídeo é o pipoco do trovão! Resenhoso todo, este menino explicou a maioria das nossas gírias. Pense que o dicionário pernambuquês é grandinho, viu? 

Agora eu entendo quando a galera fala que a gente fala coisa que só a gente entende. Ai, ai. Hahahaha. Espero que, de hoje a oito, Ludmila venha postar algo aqui, porque ela não tá com a bexiga lixa, nem com a bobônica pra não vir! Mai, mai, mai! Ela já tá voando, dou um desconto! Aquela taaaaanga!



Besos!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

São Paulo. Dois lados. Quente e fria.

Antes de tudo, devo dizer que me surpreendi com as estatísticas do blog e dos posts. Por mais que as pessoas não comentem, a gente sabe que isso tá sendo bem visitado. E eu fico feliz. Também mudei algumas coisas, adicionei alguns gadgets pra ver se fica mais fácil a navegação. Dá até pra você dizer o que achou do post, marcando um "xizinho" em umas das respostas lá embaixo. É isso, aí vão algumas das minhas expressões.

Quente, quentinha. 

Efervescência Cultural. É assim que eu vejo São Paulo. Onde tudo, realmente, acontece o tempo inteiro. E se ela dorme, me diz qual a hora, porque depois que eu estava, na Avenida Paulista, às 23h e pouca de uma sexta-feira de dezembro, e tinha que driblar as pessoas pra andar até o metrô, eu notei o quanto essa cidade é muito. Muita gente, muita cultura, muito restaurante, muito cinema, muita boate, muito bar. Tem pra todo tipo de gosto. Fataço!

Hoje eu tava comentando sobre o Show de Manu Chao que vai ter, com entrada franca, dia 13/02, próximo domingo, à tardinha. E aí eu lembrei dos SESCs (Pompéia, Vila Mariana, Pinheiros...) espalhados por aqui, do Centro Cultural Banco do Brasil, do Centro Cultural São Paulo e de tantos e tantos lugares que eu ainda nem conheço, mas que tão cheios de shows, gente, poesia, música, arte, arquitetura. E, o melhor, você não precisa pagar 100 reais pra ver artistas tão ferrenhos. Mas se quiser pagar, também tem lugares de 100 reais. Tem pra todos.

De Pernambuco, então, sempre tem banda por aqui. O Studio Sp deveria se chamar Studio PE, como alguns brincam, hehe. Por lá já passaram Otto, Karina Buhr, Del Rey, Mombojó, Seu Chico, Eddie, Diz Maia, e tantos outros. Semana sim, semana não, algum deles tá por lá. Aí você esbarra com Leandra Leal, com Otto pelo Studio, e tá tudo certo. Todo mundo com o mesmo propósito no lugar. E os shows são sempre lotados, com uma energia incrível. Num show de Eddie que eu fui ano passado, rolou, praticamente, um carnaval fora de época. E parece que quando você tá longe e escuta o frevo, você fica mais louco do que quando escuta vassourinha nas ladeiras de Olinda. É, é puro calor! E tem pernambucano até dizer basta! Não, eu não digo basta. Hahaha.

E as galerias? Na Galeria Olido, por exemplo, sempre rola uns sambinhas, uns cinemas de 1 real. A feira de antiguidades da Benedito Calixto, tem chorinho, tem cerveja gelada, uns pastéis incríveis e uns doces que mel-dels-do-céu. Além disso, gente bonita e descolada é bóia. Ah!, uma vez a gente colocou umas mesas ali no meio da feira e fez um encontrinho de pernambucanos num sábado desses. Lotou! E tinha gente de Belém, de Fortaleza, de Recife...E essas tardes foram chamadas de point, aos sábados. Eis o "Acaiaca" de São Paulo, como bem nomearam.

Ai, tem tanta coisa. Tem o Belas Artes, que vão fechar :(, tem a Reserva Cultural, os cinemas do Unibanco, na Augusta. E tantos festivais de cinema. De teatro, ainda conheço pouco. Tem tanto pra perambular, ainda. De Museu, tem o da língua, que eu adoro. É tão interativo, uma mistura de luzes, textos e cores tão legais.

E bares, né? A Vila Madalena tem uma mistura bonita de pessoas e cores e raças. Tou conhecendo, tou conhecendo...E boates, né? Enfim.

Recife é multicultural, como bem diz a Prefeitura da cidade e eu bem confirmo. Já São Paulo, posso chamar de mãezinha de Recife. É a mãe-multicultural. Coração de mãe, né, abraça todas as culturas. Tem de tudo, um grande muito. É pura efervescência. E eu gosto daqui, essa desvairada paulicéia me conquistou. É, confesso, sou apaixonada por ela.


Fria, friazinha.

Relações humanas. A tal da resistência para ir além. Como nem tudo são flores, tem a parte fria da cidade. 

Olha, já conversei com algumas pessoas que não são paulistanas, mas vieram pra cá, morar na cidade-mundo. E todas elas (não foram muuuitas, mas é engraçado que elas sentem o que eu sinto) concordaram comigo.

Seguinte, não há dúvida sobre a receptividade bonita que a gente tem e sente aqui. Basta escutarem um "tu", "oxe" ou os sons puxados dos nossos "s", como um "x", que logo percebem que não somos daqui. E quando se fala de Pernambuco, de Recife, aí pronto, tome pergunta, tome galera pedindo para eu "falar mais um pouquinho". Acho isso uma graça. Mas não tou aqui pra falar da simpatia e da receptividade da galere de São Paulo (as quais já muito falei, linsojeada, obviamente), mas, sim, da frieza que está mais embaixo.

Aí eu me pergunto: Qual é, hein? A gente que é muito caloroso e espera uma troca? A questão do calor vai de pessoa para pessoa? No sudeste, as pessoas são realmente mais frias, assim como o clima? rs. Mas é tropical, né? De altitude, subtropical, tem até semi-árido, galera. Então, o que eu venho vos dizer é que grande parte das pessoas são simpáticas, mas eu noto que elas têm um certo receio, quando é para se ir além do "Oi, tudo bom?" quase que automático, sabe. Eu gosto de conversar, de entender, de compartilhar idéias pra ver se o santo bate, enfim...sem nenhum interesse, minha gente. Conversei isso com uma amiga, que é do Guarujá e veio pra cá. Ela disse: "É, concordo. Aqui, quando você chama alguém para tomar uma cerveja ou ir a um café, por exemplo, eles acham que a gente tá se interessando, que é paquera...". Não! não é paquera! A gente só quer ir mais além do "Oi, tudo bom?", gente, e passar dessa frieza. Conhecer, trocar idéia, tomar cervejas, abraçar e fazer carinho, quando se tem vontade, sem receio algum. A gente quer perguntar da mãe, do pai, dos irmãos, de como foi o fim de semana. 

Bom, eu não sei se eu soube me expressar bem aqui. Dessa vez, eu não sei. Não é questão de carência, antes que pensem. É a onda de se ir mais além sem interesses, sabe? E, graças a Deus, eu consegui, no trabalho, algumas pessoas com a alma igual a minha. Foi um processo de conquista massa. Umas poucas, mas bem importantes, com as quais eu posso me envolver, abraçar, falar de tudo, sem pé atrás, sem medo de ser mal interpretada. E, o melhor, me sentir segura e AQUECIDA. 

Uma coisa é fato: aqui tem muito a cultura do "viver só". Nas padarias, tem muita cadeirinha única no balcão pra você tomar seu café da manhã, almoçar ou jantar só. As pessoas andam rápido, fazem tudo rápido (hehe, tou exagerando). Mas é sério, a cultura do "myself" é uma coisa que me deixa intrigada aqui. 

Eu-eu-eu-ego-ego-ego. Centro de tudo.

Ai, ai. Ao menos eu fico feliz, pois, em meio à tanta frieza, conheci pessoas que valem à pena dar uns passinhos a mais. E relacionamento, seja ele qualquer que seja, é uma troca. Tem que ter a tal da troca. Afinal, relação social é convivência, não cada um no seu mundo, cheio de proteção. 

E, desculpa, mas eu não me adapto à frieza. Comigo a cultura é outra. CALOR HUMANO eu curto.

No meio do gelo, a gente encontra, sim, os pontinhos de sal. :)

Beijos quentinhos e ótima semana.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

E de tanto desejar, realidade pode se tornar!

Antes de começar meu milagrosamente pequeno post (acho que é tanta coisa pra contar que a gente se perde e não sabe o que fala. Só lembra depois que termina) , gostaria de agradecer a todos mais uma vez o apoio, carinho e esses comentários que amo ler - obrigada pelos olhos gastos com meus devaneios desconexos e desvarios!


AÍ PRONTO! Dessa vez a desculpa é bem aceitável do meu sumiço: O treinamento na Gols tem me consumido demás. Foi tipo: vou ali, ser feliz, comer, dormir e estudar. Volto já.

Dada uma PISA (piza?) no cabelo, unhas feitas com cor de menina boazinha,1 hora para rebocar meu rosto e 1 horimeia de pé no ônibus no salto ou no tenis. E aí muita informação no juízo, muita piada e gracinha com os colegas - me vejo assim no futuro: com cara de gente e tirada à engraçadinha como sempre - e muito mês no salário que não chega. Melhor que isso só recebendo em dobro, já falei.

E aí, após pouco mais de um mês de treinamento em solo, chega a danada e desejadíssima escala de treinamento: a grosso modo a gente voa 15 horas e passa por uns testes para poder tirar uma licença de voo. Obviamente que a virginiana neura e comissária de primeira viagem tá toda ansiosa e medrosa. Claro né. Chegar não sei onde, procurar por não sei quem, com só Deus sabe o que dentro da mala e ir voar. Tremendo na baaaaaase. De alegria e de medo. Muito melhor do que só medo. Por que São Paulo para mim é a "cidade daS primeira vez". E a gente cresce, a gente cresce. Chorando um pouco e rindo muito. E aí vem o melhor, por que siiiiim, voar é maravilhoso, atingir o ápice dos seus anseios é indescritível, mas dos meus três dias de treinamento em rota receber DOIS na minha querida terrinha, é PERNAMPAULISTAR demais, não acham? Pois é, pois é! Acreditem, não é nada combinado, apenas me designaram um instrutor e a rota dele nos dias em que estarei treinando incluem Petrolina, Noronha e dois pernoites em Recife. Ba-bei. Segundo um colega de turma, existem comissários que nunca nem voaram para Noronha. Bom-bei. Já vislumbro a terra dos altos coqueiros. Os olhos brilharam ainda mais e já ouço o frevo lá longe, vontade de pirar mais e mais.

Eu sinceramente nem sei para quantos lugares no Brasil a Gol voa além de todas as capitais do país. Mas só de olhar a escala dos colegas e vendo gente para todas as regiões, pernoitando em uma região diferente a cada dia eu só sinto mais ainda o quanto querer é poder, o quanto acreditar faz diferença, o quanto la vitta è bella, o quanto a pernambucanidade bate forte aqui dentro. Só pra me dar mais força e vontade de vencer.

Entederam agora por que tenho dois corações?

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Sexo é vida. Comunicação, então...

É, se alguém te pergunta o que tu faz da vida, aqui em São Paulo, e tu diz que faz P U B L I C I D A D E...pronto!, a babadeira é forte. A galera faz cara de barbie, como fazem em Recife, quando se escolhe Medicina, Direito ou Engenharia pra estudar. Nada contra, galerosos, mas é uma graça. Um dia, fiz sucesso com um menino, na Benedito Calixto quando comentei que fazia publicidade. Ô, povo besta.  

Sim, aqui é o lugar da comunicação, disso não tenho dúvida, umazinha se quer. E é muito bom quando a danada é valorizada, entendida e diferenciada, seja no lado do rádio, do jornal ou da publicidade. NÉ NÃO? Ou é bonito você escutar alguém falar: "Ela faz o que mesmo? Jornalismo, é?", tentando se lembrar do que a bichinha, que cursava publicidade, um curso esquecido, rs, fazia da vida. Esta publicidade, tadinha, que está aí do teu lado, nas tuas abas abertas do firefox, explorer ou chrome, sei lá. Tá bom, esquecido não. As coisas tão mudando, glória a vós.

Ainda em comunicação, mas falando dela em si, descobri, um dia desse, que o ato de comunicar-se é tudo nessa vida. Como amor & sexo (quando rola uma troca de informação perfeita entre os dois, sai de perto!). Tudo nessa vida, nesse mundo, nessa humanidade. E quantos ruídos não existem por aí, quantos ruídos de comunicação! GENTE, se os amores soubessem como tudo pode ser resolvido tão melhorzinho, buscando o canto claro, onde todo mundo se enxerga, quando existe o bate papo face-a-face, não ia ter tanto desentendimento pelo mundo afora. Se, simplesmente, as pessoas parassem um pouquinho e chamassem o amiguinho pra conversar e pra tentar entender o que ele pensa, se ele interpretou errado e, assim, falassem (dessa vez, com outras palavras, por favor, vamo abusar da paráfrase), olhando nos olhinhos, tudo não seria mais lindo? Eu estendo isso pra qualquer relacionamento, belê? Pessoas já são uns lindos problemas, então pra que complicar mais? Ok, gente louca é tudo nesse mundo, mas tem limite. Vamo abusar dos verbos, substantivos, artigos e advérbios que o esquema é fazer-se entendido. Só é isso, pode ser (tragam a Pepsi!)?

Pois bem, se existir alguma coisa melhor do que comunicação, me digam. Comunicación, minha gente. Seja com sinais, com línguas (ui!), com códigos. E os meus admiráveis médicos, bonzinhos advogados e calculistas engenheiros sabem, muy bién, que sem ela não há vida.

Te curto, communication. Um beijo a todos que a atingem daquele jeito. Ou se esforçam.

E viva a Publicidade! 

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

delícia é amar.

Duas coisas.

Uma: Paulistas, queridos paulistas, gostaria de dizer que quando vocês falam, admirando e elogiando o sol, o tempo, um passeio, etc e tal, dizendo: "Ai, que delícia! Que gostoso!" eu penso, quase que automaticamente, no lado sexual da coisa. Tô condicionada, só pode.  Desculpem-me, mas devido a algumas frases escutadas de meninos bizarros querendo paquerar meninas lindinhas, dizendo: "Ei, delícia!", eu sempre vou levar seus elogios ao sol, à vida, ao vento a uma conotação médjio sexual. É, rs. Também tem umas músicas (vide gênero swingueira), dançadas com apelo forte ao sexo, que dizem: "Ai, delícia, ai ai, delícia!". A culpa é da indústria cultural, pronto. Achei um culpado. 

Só sei que essa historinha de "delícia" já me trouxe VÁRIAS, eu digo, VÁRIAS risadas e tirações de onda. Minha gente, é uma resenha. É uma delícia. É gostoooooso. 

Duas: O oxe tem várias vertentes, né? E cada uma tem significado. Dia desses, ensinei às meninas o que a gente quer dizer quando a gente solta uns "oxe", "oxente!", "oxe-oxe-oxe". HAHAHA. Ai, ai. Tem ou não tem? E é assim, a gente vai ensinando uns sentidos e aprendendo outros.

Três. É, lembrei agora de uma coisa importante. Pra mim, ao menos. Isso serve pra paulistas, pernambucanos, brasileiros, seres dessa Terra. Seguinte: curtir, adorar, apaixonar-se e amar são coisas beeeem diferentes. Eu disse bem diferentes. Eu espero que quem tiver lendo até aqui, já tenha sentido tudo isso e saiba diferenciar esses sentimentos. Sabe por quê? Porque eu tou cansada de ouvir o verbo "amar", ouvir a galera BANALIZAR o amor assim, pô, tão fácil. Dizendo que ama fulano, ama beltrando SEM AMAR. Gente, o mundo pode ficar louco, rápido, tu-do em real time, mas sei lá, vamo preservar algumas coisas, né? 

Por favor, eu sou apaixonante rs, eu bem sei, mas não venha dizer que me ama sem me amar não. A gente sabe quando existe o negócio de verdade. Nem precisa dizer, a gente sente. É tão bom dar passos importantes, começando no "te adoro!", depois no "te adoro muito" e assim por diante. Infelizmente, nesse mundo do cão, as pessoas dizem isso, facilmente, pra agradar, conquistar ou sei lá o quê. Pra mim, é balela. Eu só acho feio banalizar algo tão bonito.

Te amo é o caralho. Vício de linguagem nada. Ah, será que até "amo fulana" aqui tem outro sentido? Porque eu sempre tive cuidado com o verbo e só o disse quando a coisa era certa, quando batia forte. 

Sou chata com isso rs.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Coragem, gente, coragem.

"Eu gostaria de ir embora para uma cidade qualquer, bem longe daqui, onde ninguém me conhecesse, onde não me tratassem com consideração apenas por eu ser “o filho de fulano” ou “o neto de beltrano”. Onde eu pudesse experimentar por mim mesmo as minhas asas para descobrir, enfim, se elas são realmente fortes como imagino. E se não forem, mesmo que quebrassem ao primeiro vôo, mesmo que após um certo tempo eu voltasse derrotado, ferido, humilhado - mesmo assim restaria o consolo de ter descoberto que valho o que sou."
Caio Fernando de Abreu. 

Falam que vir pra cá é coragem. Que estar longe de todos que sempre estiveram por perto desde que me entendo por gente, é coragem.  Que abrir as asas (citando Mila Queiroz rs) e voar pra cá (mesmo que seja pela TAM), é coragem. Que sair do cômodo de um apartamento com amigas para morar numa casa cheia de estudante que eu nunca vi na minha vida, é coragem. Que dividir sala, TV, cozinha, quase tudo em comum, é coragem. Que estar longe, fisicamente, dos carinhos da família, dos amigos e dos amores, é coragem. Que deixar de andar nas ruas tão conhecidas para outras nunca antes pisadas, é coragem. Que ir de onde tudo "estava sob controle" para encarar algo novo, ter jogo de cintura com diversas situações e firmar algo, profissionalmente falando, é coragem.

Coragem, o que é coragem?

Conquistar espaço, pessoas, lugares é ter coragem? Eu sei que eu tenho coragem de conhecer. Pelo conhecimento, sou sedenta. Seja ele qual for. Aí a gente vai, vê se presta ou não, e escolhe o que é encantador.

Eu queria estar em vários lugares ao mesmo tempo e ter o poder do teletransporte. Eu queria ter coragem para ser isso. Eu queria entender o porquê da gente ainda jogar tanto lixo na rua, gastar tanta água, fazer tanto mal à natureza, mesmo sabendo que o impacto disso tudo pode ser VISTO e SENTIDO (cerca de 550 mortos com as enchentes causadas pela "chuva"; Calor da porra em Recife!; Nos países frios, têm gente morrendo de frio?) hoje. HO-JE.

Quero saber quando é que a gente vai ter coragem de ser gente.


sábado, 8 de janeiro de 2011

Ano novo, vida nova...

Mesmo que nada ou quase nada mude, a gente sempre diz ou ouve as pessoas dizerem isso. Talvez seja a esperança - mesmo que apenas teórica - de que as coisas realmente possam ser diferentes, talvez seja clichê bááásico dito da boca pra fora, talvez a nossa brasilidade que nos faz confiar no amanhã. Talvez isso ou aquilo.

Mas eu me sinto muito feliz em dizer e viver isto do fundo do meu coração e com a maior força e realismo possíveis. Só não digo que eu também estou nova por completo, a gente é sempre duro para as mudanças íntimas e eu sou campeã em procrastinar mudanças necessárias. Mas a vida tem suas manobras... Porém, contudo, todavia sou/estou muito feliz hoje, como/quando/por que/para que/onde me encontro. Sempre gostei muito dos dizeres de Meireles e os tomava para mim: Não ando perdida, mas desencontrada. E é como eu realmente me sentia. Quando me queixava disso, minha mãe dizia que eu parecia alguém que chegou ao fim da vida, onde não tinha mais tempo de reparar os erros ou construir coisas novas - mas eu sempre fui assim, velha inside :P - e eu retrucava que tinha que correr atrás, correr contra o tempo, antes que ele me atropelasse. Sim, como alguém que tivesse já sido atropelado pela vida. Divagações quase à parte, hoje eu respiro aliviada e tranquila: me reencontrei.

A certeza de que hoje estou exatamente onde gostaria de estar é simplesmente indescritível. Renasci em vários aspectos, enfrentei vários monstros meus e não consigo nem acreditar que estou superando tantas coisas em tão pouco tempo. Larguei a barra da saia da mami, larguei a província onde todo mundo conhece tudo e todos, a segurança familiar, a certeza de todos os passos e... nunca me arrependi por um segundo sequer. Meu coração sempre dizia para seguir e o danado não errou! E essa é a dica: se você tiver um coração escandaloso que diga para você fazer determinada coisa e insiste nisso, siga-o! Não imaginaria que Paulo Coelho seria referência, mas ele está certíssimo quando diz que "O medo de sofrer é pior que o próprio sofrimento, e nenhum coração jamais sofreu quando foi em busca do seu sonho".

E eu, que gosto de terra, de verde, de cheiro de mato ousei gostar do barulho, do concreto, das longas distâncias. Por que o preço é pequeno demais diante da felicidade. Hoje as asas no meu peito fazem mais sentido que nunca, a esperança mostra suas recompensas e a lei de ação e reação mostra toda sua generosidade. A felicidade é quente, quente, quente. Assim, bem nordestina, sabe? Chega, desconfiada, quietinha e vai te conhecendo, vendo se tu a mereces; e aí te enxe de carinho, de DOIS beijinhos, de abraço e de colo. Pra quê mais? Hoje estou feliz, hoje tenho paz. Hoje estou cada vez, literalmente, mais perto do céu. Ano novo, vida nova. Adeus clichês sem sentimento, a coisa aqui é real. Adeus medos, dificuldades, dúvidas, eu vou voar. O chute não foi na trave, foi certeiro... foi Gol. É Gol. :) :)