domingo, 27 de março de 2011

Essa cidade tem um "quê"...

Lembrei-me de dois momentos:

1) Num domingo desses, quando estávamos (eu e mais alguns maravilhes ex-alunos da nossa fodástica orientadora) jantando, após um café delicioso de mata saudades + update das nossas vidas em São Paulo com a teacher Karla Patriota, falamos sobre o assunto: São Paulo tem um "quê" especial. Isso porque Eduardo comentou que o trevo (da sorte) é algo que, para ele, simbolizaria sua vivência aqui. Entre pensamentos e "expressamentos", rs, a gente chegou à conclusão que a paulicéia tem muito a oferecer, sim,  aqueles pernambucanos que têm uma sinergia com ela. Porque, né, existem pernambucanos muito bons (pessoal e profissionalmente) que vieram pra cá, mas não rolou, não curtiram, etc. Ah, tou falando de pernambucanos porque na mesa era só o que tinha e a gente tava falando, como eu já disse, sobre as nossas experiências e a de conhecidos...

Talvez São Paulo seja incrível para quem a abrace, quem queira vivê-la. Viver à vera: de verdade. E não é todo mundo que tá afim, também não é de todo mau, já que cada um sabe onde dói seu calo. Até porque, né...ela é loca, loca, loca. Talvez cole a história de só um louco mais louco para saber lidar com outro louco. Acho interessante colar  também a história: sem a família nem os amigos mandando love, jamé se consegue ficar por aqui.  Eles são base. E quanta estrutura!

2) Ganhei uma semente de trevo para plantar. Foi presente de veículo, não me lembro qual agora. Só sei que esqueci de colocar minha terrinha e plantar no meu jarrinho lindo laranja...mas, alguns dias depois, lembrei que tinha esquecido (rs) a bichinha da planta e, finalmente, abri o saquinho para plantar. Quando abri, me assustei! Hahahaha. Ela já tinha nascido, brotado, sei lá como é que se chama nessa linguagem plantal. Obviamente, soltei: ai, que bapho, olha quanta sorte! o trevo já está nascendo sem ter sido plantado, rs. Ai, ai. Risos. A explicação: eu já tinha dado amor a ela, mesmo dentro do plastiquinho. Só não a beijei pelo plástico tipo o seriado Pushing Daisies, mas ela sentiu meu carinho e brotou, beijos.

Citando PATRIOTA (2010), resumo da ópera: 

Obrigada, São Paulo. Tás me dando uns presentes incríveis! E, em se tratando de pessoas...ai, obrigada mais uma vez! Tem muita besteira nesse mundo, mas os bons são maioria, como diz a propaganda nova da Coca que todas ama. Poucos e bons eu também curto, beijos.

Beijos, queijos, vinhos e bom início de semana.

Ah!, plantei minha plantinha...ela tá crescendo, mas devagar. Mudei ela de posição, talvez agora ela arrase no crescimento, hehe. Se não, qualquer coisa, vou ter que trazê-la pra dormir do meu lado. BRINKS.


domingo, 20 de março de 2011

Nem sotaque, nem língua: importa mesmo é o que está dentro!

Depois de todos esses blá-blá-blá já comentados aqui sobre calor/frio e todas as lindezas e bizarrices desse povo humano que, por o ser, erra e acerta o tempo inteiro - o que já se é sabido e sentido por a gente -, venho ressaltar que o mais importante é, sim, o que tá dentro. Seja clichê, seja brega.

Moro numa casa com argentinos, colombianas (las chicas já voltaram pra Colômbia, mas a gente conviveu por alguns meses), paulistas, paranaense, portuguesa, pernambucanas, bahiana, mato grossense, enfim: gente de toda raça e de toda fé - ou não. Sem precisar sair do Brasil, até que rola um intercâmbio cultural bem legal. E, de repente, não mais que de repente, você se vê embolando um portunhol engraçado com os chicos.

Você está na sala e, de repente, começam os papos sobre las mujeres do Brasil, as curiosidades sobre as argentinas... E aí, se o arrentino, apelidado carinhosamente por Maradona (rs), solta alguma piada todo saidinho e cheio de malícia, a gente já diz: "Eeeeeeeeeeeita!, tá todo espertinho já, né? Toooodo brasileirinho." E é só risada, brodagem, fuleragem, tiração de onda. 

Na festa de despedida de Lina, uma das Colombianas, tome música brasileira no repertório: foi de Mamonas Assasinas, passando por Carrapicho, Ivete Sangalo, Flávio José, até os breguinhas pernambucanos - aí, todo mundo entra no embalo da malemolência do Hit Minha mulher não deixa não. E o arrentino, dançando com um gingado ainda em aprendizado, canta, misturando tudo: "Quiero no, puedo no, mi mujer no deixa no..." 

De levar o novo morador, estudante do ITA, ao bar, para dar a cara à tapa e deixar o preconceito de lado (que todo estudante do ITA é nerdão, rs), falando de tudo um muito, a ensinar o forrozinho gostosinho aos meninos não-nordestinos, até ter DE escutar ser-ta-ne-jo, porque nossa playlist agrada, realmente, a todas gay (porque todas dança, todas se joga, todas arrasa), tudo é experiência, tudo vale a pena porque, no nosso quarto 3 (e nos agregados), só tem alma grande.

E o mais gostoso disso tudo é saber que no Japão, na Índia, no ACRE (sim, o Acre existe!), em todo canto, minha gente, tem gente de toda maldade e bondade. Com 98 ou 198 de afinidade (que, em mídia, significa: o grau de "afinidade" que o veículo tem com o target considerado, à medida que, quando maior do que 100, aponta para uma participação do target na audiência maior do que seria esperada se esse veículo fosse horizontalmente dirigido a toda a população.).

E aí, qual é a nossa nisso aê? Identificar e escolher, olhando direitinho pelas janelas da alma, com uma ajuda massa do feeling,  aquelas que vão andar com a gente (pode ser brega o que eu vou falar, mas...eu sou brega, beijos!), lado a lado, desmistificando as loucuras da vida e inventando histórias, compartilhando e vivendo super experiências.

Tá, completando: só atraio louco. Mas, né, a gente escolhe os loucos bons - os melhores. Qual a graça da vida normal? E, como disse uma amiga, vamo que vamo que tem muita vida na nossa frente.  

Ser e morar.

É engraçado quando as pessoas me perguntam de onde sou. Não para elas, claro. Bem normal, aliás. Só que pra mim é meio complicado de responder, eu diria. Nasci em Pernambuco, cresci em Sergipe mas sempre indo a PE (quase todos os anos da minha vida estive lá) e agora moro em São Paulo. E mais um termo não muito cabível na minha rotina diária do dia a dia dos tempos atuais de hoje em dia.

"Ah, mas de onde você é, significa basicamente onde você nasceu." Será? Se eu falar que sou do Recife e a pessoa conhecer bem a cidade ou também for de lá, eu ficarei com cara de turista quando ela falar de ruas, bairros e coisas muito específicas. Se eu falo que sou de Sergipe, significa que não nasci mas cresci lá?! Eu adoro Aracaju, mas sou pernambucana, caramba. Falar que sou de São Paulo é que não cabe mesmo, ainda nem falo "Meu" no lugar de "velho" ou "mermão", hahahaha!

Quando a gente fala em morar, alguém pode, por favor,me dizer o que vocês querem saber exatamente quando perguntam isso? Onde que eu moro? Eu sei onde tenho passado mini temporadas, serve? Estive pensando se moro em São Paulo, mas passo 2, 3 meses e depois uns 20 dias no nordeste, voltei, passei mais uns 3 meses e fiz uma maratona Recife-Aracaju. Minha casa é onde minha mãe mora ou onde eu tenho estado com maior frequência nos últimos meses? É onde eu durmo mais dias por mês? :P

A gente recebe a escala e vê que está na nossa base de trabalho (SP) uma, duas vezes por semana. Então minha casa Vai ser um apartamento onde eu durma quatro, cinco dias ao mês? Parece loucura, mas dava até apenas pra pernoitar em hotel mesmo em São Paulo.

A cabeça enrola todinha e dá vontade de responder: sou do Brasil e moro no ar.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Carnavalizando...

Meu sumiço, explicável mesmo que nem sempre justificável, prossegue. Laryssa diz que
precisa parar de procrastinar. Se uma pessoa assim fala isso, que direi eu sobre mim?!

Adoro escrever, mas ao mesmo tempo é algo terrível para mim. Vem a vontade que chega mesmo a tornar-se necessidade; daí as palavras me encaram, me sorriem e seguem adiante. Parecem com minhas paqueras preguiçosas de carnaval: olho, sorrio, brinco e continuo meu caminho. Minhas frevanças e marchinhas dificilmente são interrompidas. Aproveitando o gancho da comparação esquisita e mal explicada, falemos da minha pobre visão e humilde vivência no badalado, fervoroso, frevoroso, delicioso, enlouquecedor, encantador Carnaval do Recife (que é mais do que apenas Carnaval!).

Mas só um pouquinho antes disso, quero explicar que elogio a um não significa demérito doutro. Vocês já entenderão por que falo isso agora. A nossa desvairada, monstruosa, tentadora, cheia de ofertas, de contrastes negativos e positivos, e famosíssima Paulicéia tem atributos de primeiro mundo, motivo de orgulho brasileiro. Infelizmente e quase redundantemente tem também muito potencial ainda não tão valorizado/trabalhado, vá lá. Na nossa brasilidade entendemos que não há aí novidade. Porém, contudo, todavia, não obstante tantos créditos, para nós que viemos da terra do sotaque fera, do povo arretada, das resenhas e fuleirisses, das tabacudisses, dos dois beijos, do frevo que entra na cabeçatomacontadocorpoeacabanopé a diferença é bem notável entre o nosso calor humano e o calor do paulista (vai, até que fui legal em não falar "frieza"). Eu acho uma graça a educação, a diferença da maneira em cumprimentar um estranho. Em Sergipe pouco - praticamente nunca - vi isso acontecer: você estar com um amigo e chegar na roda de outros amigos dele e todos te cumprimentarem; as pessoas só falam com quem já conhecem e dificilmente trocam um olhar para pelo menos sorrir pra você. O paulista diz o famoso "Tudo bom?" com aquele jeitinho cantado até suave (por que sim, a minha conclusão pessoal é que no Brasil todo mundo canta, apenas o ritmo muda) e te puxa para a conversa. O engraçado é que se a gente se encanta por isso, talvez esse seja o choque: ver a coisa parar mais ou menos por aí. Eu gosto é de colo, de abraço, de beijo, de cheirinho. E aí que se você nao conhece muito a pessoa, não tem intimidade para fazê-lo e se conhece provavelmente a vê com frequência, o que tecnicamente, dispensa a necessidade de estar sempre cumprimentando. Se todo castigo pra corno é pouco, todo carinho pra nordestino também é.

E aííí 2500km e alguns meses depois a gente não se conforma, mas se acostuma. Fazer o que, né? Pois bem. Ludmila vai voando na tora pra Recife (fazendo uma maratona de mais de 24 horas acordada, diga-se de passagem), para chegar a tempo de conseguir uma vaga em qualquer voo antes que lotem todos e eu perca qualquer segundinho do Carnaval Multicultural do Recife <3.

Então o coração acompanha os maracatus, todas as marcações de cada frevo novo e antigo. E os olhos brilham, o sorriso não cabe no rosto e até sem saber dançar a gente dança. Vai no pulo mesmo, de um lado pro outro, só com os dedinhos pra cima, canta a letra dificílima de Vassourinhas e se deixa levar. É o esquema. Sentir tanto calor, tanta alegria, junto com a família e bons amigos agregados (quando todos nos reuníamos nos locais combinados nunca estávamos em menos de dez pessoas) não tem preço. Claro que o calor vai mais que o humano: gente, Recife tá enlouquecedoramente (?) quente! A gente toma banho, sai e já chega no lugar meio suado. Claro que voltamos para casa com cara de quem chegou da guerra - e claro, venceu - toma outro banho, dorme. Acorda, toma outro banho e descansa para a noite. Com a casa cheia. É irmão, mãe, tia, primas, prinhados, amigos, tudo que é tipo de gente. E toma mais um banho pra sair e chegar suado no lugar, haja cerveja, haja água, haja haja haja... Mas sabe né? Calor gera calor, a gente pega é fogo! Assim é que é massa. A gente canta a mais repetida do Galo "Ah que calor ô ô! Ah que calor ô ô! Ah que calor ô uô ô uôôôô!" e joga água pra cima e leva cerveja nas costas e passa a patinar ao invés de pular. Samba pra quem tem samba no pé, Odair pra resenhar e amar, Quanta Ladeira pra escrachar e f***r todo mundo, Cirandas sobre sereias, Marchinhas sobre saudade que se tem, Frevo sobre saudade do Recife. E é de se entender quando olho para o lado e vejo Edgar Piccoli de olhos fechados, sorrindo e cantando uma das "nossas" marchinhas notavelmente encantado ou quando se diverte ao nos ver dançar sem parar e sem aguentar mais. Sim, é quase um masoquismo. A gente senta e diz "Não aguento mais, tudo dói", aí toca aquela, aqueeeeela famosa que todo mundo sabe e não deixa ninguém parado, e você levanta com as pernas bambas e lá se vai novamente. Quando pensa em descansar, acontece isso de novo...E de novo. Por que no fim eu quero saber uma música nossa que deixe alguém parado se não for por êxtase. Minha satisfação foi tanta que confesso, chorei. O coração aperta quando a gente não tem certeza de quando terá isso de novo...Uma escala folgada assim, uma brecha pra frevê um diazinho que seja.

E aí a gente seca a lágrima danada, por que ela é de dor e alegria ao mesmo tempo. E vai pular mais um bocado e rir muito mais ainda, por que quando menos esperamos fecham-se os olhos e a gente tem vontade de chorar mesmo é "quando o dia amanhece e eu vejo o frevo acabar, ó quarta-feira ingrata, chega tão depressa..." Mas eu me diverti muito. Impagável carnaval. Salve ó terra dos altos coqueiros, Salve ó Leão do Norte. A gente respira fundo, sorri e segue. O coração tá abastecido da boa e velha Pernambucanidade, sem "j" entre os d's, com todo rexpeito. :)

quinta-feira, 3 de março de 2011

Doideiras de São Paulo, doideiras do Brasil.

Indiscutivelmente, adoro essa cidade. E eu sou feliz aqui, embora esteja longe de muita gente que eu amo, dos meus calorzinhos gostosos. Eu morro de vontade de unir os queridos daqui com os de Recife.  "Aaaah, quanto querer cabe em meu coração!".

De ontem pra hoje, pontuei 10 doideiras de São Paulo. Queria compartilhar :)

Doideiras de São Paulo 1
Só vendem sopa nos lugares quando tá chovendo ou tá frio.
Doideiras de São Paulo 2
Colocar catchup na pizza, para os paulistas, é a morte.
Doideiras de São Paulo 3
Aham, tem purê de batata no cachorro quente.
Doideiras de São Paulo 4
Você tem que escolher qual o menos pior caminho a pegar: o de grande trânsito ou de grandinho trânsito.
Doideiras de São Paulo 5
Quando os paulistas acham algo brega, chamam de bahiano.
Doideiras de São Paulo 6
Nas relações, não espere muita coisa. O "eu" fala um pouco mais alto. Aviso: é melhor você se surpreender.
Doideiras de São Paulo 7
Vizinho? Você conhece seu vizinho? Quem é seu vizinho? Acho que levar um pedaço de bolo para ele é pecado.
Doideiras de São Paulo 8
"Oi, tudo bem?" é automático
Doideiras de São Paulo 9
Tem gente que demora 2 horas, de carro, pra chegar no trabalho, de sua casa. 
Doideiras de São Paulo 10
Pra não ser traumatizado e estressado, ou você mora perto do trabalho e dos seus afazeres preferidos ou você mora perto do trabalho e afazeres preferidos.

Viver em São Paulo tem prazo de validade. 80% (esse dado é de brinks, tá, mas significa bem mais da metade, rs) dos paulistas que eu conheço, dizem isso. Ou você se acostuma e vive assim, ou você foge, aos seus 40 anos, para viver num lugar mais calminho com sua família.

Bem, muito do que eu falei, é normal. Meu amigo, Andy, disse que o trânsito de Recife deu um nó, que tá uma loucura. Se privar de colocar a cadeira na calçada e conversar com seus vizinhos é também fato de Recife. Metrópole, né. A violência tá tão grande que a galera dispensa essas relações do passado. Acontece ainda? Sim, mas em cidades do interior, acredito. E quase que meu amigo gastrônomo me mata com o tal do catchup na pizza. Adoro pizza com azeite, acho digno. Mas um catchupinho cai bem, né? Hehe. Quanto aos bahianos serem atrelados à breguice, fiquei barbie, não vou mentir. 

Depois de tudo isso, ressalto: São Paulo é formada por todos os estados do Brasil. Ou seja: não tou falando dos costumes de São Paulo, tou falando das doideiras do nosso país, que tá tudo junto e misturado aqui.